3 de jan. de 2024

O Novo Neoconcreto

 















Cortinado e Janela Ao Luar

Autor: TuliA
Construtivismo Neoconcreto
Fase: Objetos Leves
Isopor, guache e papelão s/ papelão
Ano: 2023

Foto: F. Nhiefson


Quero inaugurar o ano de 2024 revelando a fase que tenho trabalhado nestes últimos tempos, a qual tomo a liberdade de apelidar de Novo Neoconcreto. Esta inspiração pessoal e mundial começou totalmente voltada aos movimentos ecológicos do século vinte, enfatizando a reciclagem e o reaproveitamento de materiais descartáveis em termos práticos, mas teoricamente sua base repousa nos princípios concretistas e neoconcretistas dos meados do século, cuja as bases repousam nos movimentos de vanguarda de Marcel Duchamp, Jackson Pollock, Piet Mondrian e outros, no início do século, sem as quais não seria jamais, possível realizar atualmente esta etapa ótica e pictórica. A nova fase, incorpora todas as demais escolas e estilos de arte já concebidos, passando pela Trash ART, quando os seus precursores expuseram as primeiras esculturas de sucatas e as telas carregadas de misturas de materiais, passando pela arte digital e como num ciclo, retorna ao aspecto físico e metafísico das coisas. Como resultado destas vertentes fluindo na mesma época, a fase realiza um Objeto contemporâneo típico do momento histórico que incorpora formato, elemento, idealismo ecológico ambiental e beleza; são os quatro aspectos que considero básicos desta fase. É um Objeto realista, assim como uma escultura em mármore, bronze ou madeira, tira proveito essencial e estético do próprio elemento de onde foi gerada e daí manifesta a sua ideia e beleza; também a matéria reciclável emana sua linguagem própria e eu vejo nesta estética um toque claramente contemporâneo de ares futuristas sonhadores. A liberdade de novas expressões, para se usar um pouco de tudo, é o quinto aspecto capaz de transportar no Objeto o valor óptico de qualquer tempo e ao mesmo tempo, gerar no espectador uma percepção de subjetiva atemporalidade.

No novo Neoconcreto a arte se mantém viva e eterna na sua Torre de Cristal e se faz realizando, naturalmente sem julgamentos e antagonismos a arte pela arte. Nela está contido o todo e todas as teorias que já se antagonizaram para finalmente se fundirem e harmonizarem. Tem como enfoque principal o elemento, visto e observado nas suas atuais e constantes transformações posteriores. Daí, ser uma arte que não se congela no seu período histórico e pode até dispensar as restaurações. Sobre isso, em seu favor, formato e concepção, ela surge numa época cheia de técnicas de documentação iconográfica, próprias para registrar em fotos, slides, arquivos digitais, vídeos e demais sistemas futuristas, a realidade da trajetória de tais obras virtuando desde suas origens, suas transições, até gloriosamente suas desintegrações, sempre belíssimas. O ideal seria no futuro realizar a manutenção das restaurações apenas nos desgastes das infraestruturas destas obras. Colar algum item que se desprendeu, evitar acúmulos de poeiras que possam manchar, ou temperaturas que deformem. Mesmo que a obra receba um tratamento de limpeza mais profundo, o olhar do perito restaurador deve ser de fato capaz de perceber e identificar quando a intenção da obra é demonstrar o envelhecimento gradativo propositadamente e também vale respeitar as alterações cromáticas que venham expressar a vida em seu real movimento, como o desbotamento das tintas, o amarelecimento de alguns papéis em certas áreas, cuja a intenção do autor é promover a demonstração destas possíveis transformações. 


Natureza e Natureza Artificial do Neoconcreto Contemporâneo.














O Sem Título

Autor: TuliA
Abstrato Gestual Neoconcreto
Fase: Objetos Leves
Isopor, guache e papelão s/ papelão
Ano: 2023

Foto: F. Nhiefson


Natureza e natureza artificial, também é um atributo do novo Neoconcreto, mas que eu vou preferir tratar daqui em diante apenas como o Neoconcreto atual, no seu seguimento do século vinte e um, onde ele funde os dois conceitos filosóficos da criação, a Natura e os frutos da criatividade humana para gerar uma obra de arte. Esta obra, por ser uma peça artística carrega em si a utilidade subjetiva própria da arte de preservar a memória humana, para ser contemplada e observada, mas valoriza também sobretudo a importância da história da vida natural. De modo geral, é quase impossível observar uma peça de arte sem levar em consideração sua trajetória histórica, origem e período no qual foi realizada. 
Nesta arte no entanto não estamos valorizando apenas a evolução do pensamento humano ou como o ser humano se comporta na natureza, embora não se possa eliminar isso, porém se torna evidente que os recursos utilizados não servem mais apenas de suporte para a criação. Na verdade são eles os homenageados nas composições. Se atualmente, qualquer artista de vanguarda fosse expor sua famosa "Tela Em Branco", apontando e demonstrando ao público, sua total consciência sobre a concepção do Objeto em si como obra de arte, hoje ela teria um título diferente. O artista citaria o nome do material desta tela. Talvez fosse, Tela Em Branco de Cânhamo, de Linho ou etc... Teoricamente, estamos a um passo do sonho quase utópico dos artistas se tornar realidade na mentalidade dos seres humanos leigos começarem a ver e interagir igual. Incentivados pelas artes e pelas urgentes necessidades sociais de rever comportamentos e seus conceitos ecológicos em favor da própria existência plena de vida saudável, o público atual, por um fator óbvio de sobrevivência da humanidade já sabe que é preciso encarar sem fantasia e alienação a natureza dos objetos que ela utiliza no seu cotidiano. Começa a aceitar a durabilidade do vidro, do plástico, das ligas metálicas e para qual objetivo cada um desses inventos devem ser utilizados de maneira correta. Já é possível entender estas questões simples e descartar as práticas dos desperdícios, ao invés de descartar toneladas de materiais em lixões públicos, tornando os objetos improdutivos e as matérias poluidoras do meio ambiente. É neste ponto que o atual Neoconcretismo amadurecido entrega ao observador experiente o produto artístico do nosso momento. Pois se não poderemos juntar e guardar todos os adventos culturais, para preservá-los, sem com isso transformar o mundo inteiro num grande museu histórico de inventos e experimentos e também não será possível deter a correnteza de criatividade sempre se expandindo década após década, a própria arte ao lado das outras ciências em evolução, cumpre os desígnios documentais, sintetizando em cada estilo e age como extensão da "Natura", tão bem, protetora e providente quanto a "Natureza" constrói sítios arqueológicos e preserva as histórias das civilizações. 

Aproveito para indicar os links abaixo, cujos textos são bastante relevantes: 
 

Ver: 
"A obra de arte como objeto comum"

"Isso eu também faço!"

"Forma de arte que transformava o corpo humano em uma “obra viva”
"Body Art - Artes Enem | Educa Mais Brasil"

TuliA

RJ 2024       

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